O norte de Jutlândia (“Nordjylland” em dinamarquês) não só tem a fama de uma das regiões mais lindas da Dinamarca, mas também é repleta de história, atrações, atividades e natureza. Eu viajei no inverno e é possível viajar qualquer época do ano, mas a temporada mais popular é no verão, quando muitas pessoas viajam nas férias pra curtir praia. Além de tudo, os dias são mais longos no verão e você tem mais horas para aproveitar ao ar livre.
Como chegar
Dá pra viajar de trem e ônibus, mas a melhor forma é de carro pois dá maior liberdade.
Eu fui de carro e a viagem é longa saindo de Copenhague (mais de 500km), mas a estrada tem excelente infra-estrutura, bem conversada e bem sinalizada. Além disso é super fácil de dirigir, pois é uma única reta até chegar em Jutlândia (Jylland) e depois outra reta até o norte.
Eu não achei a viagem tão cansativa, mas a parte mais legal é realmente quando as estradas maiores se tornam pequenas estradinhas passando por casas distântes umas das outras e fazendas. Dá pra ter uma idéia de como as pessoas vivem naquela região. Amplos campos verdes, muitos moinhos de vento por todo lado, plantações, galerias de arte particular. Algumas pessoas colocam na entrada da residência alguns produtos que elas mesmas produzem como batata, flores, geléias, frutas e até árvore de natal. Quem quiser comprar é só deixar uma quantia em dinheiro em uma caixinha que fica junto com os produtos.
Quanto custa
A Dinamarca não é um país barato, mas a vantagem de viajar para o norte é que todos os pontos turísticos são gratuítos, com excessão dos museus. Mas o principal da viagem é visitar as praias, monumentos, curtir a natureza.
Onde ficar
Os hotéis em Skagen são mais caros do que em cidades menores. Há ainda possibilidade de alugar uma casa ou chalé nas cidades próximas. Minha cidade favorita foi Lønstrup.
Nós reservamos um chalé em um resort super bacana que se chama Skallerup, próximo da cidade de Hjørring. É um destino muito popular no verão, mas agora no inverno também foi super aconchegante. Além dos valores serem bem mais acessíveis do que na alta temporada. Ficamos em um chalé próximo ao mar que chamava “Luksusbolig”. Ele é menorzinho, ideal para casal! Tem uma cozinha toda equipada com eletrodoméstico e utensílios, o que nos possibilitaria de fazer as refeições no chalé mesmo.
No resort eles têm o próprio supermercado, que para minha surpresa era mais barato do que o de Copenhague. E ainda piscina, parque aquático, centro esportivo, pub, boliche, spa, sauna, piscina e mais um monte de coisa que nem deu tempo de conhecer tudo.
O que conhecer
Barricadas da Segunda Guerra e a Costa Oeste
Primeiro de tudo, uma visita a praia. O mar do norte tem lá seu encanto quando comparado com o resto da Dinamarca. A água é mais gelada e os ventos mais fortes. A paisagem e a vegetação são muito diferentes também. O terreno é cheio de dunas e morros e conforme você anda, você vai deixando de ver um pedaço da cidade e vendo outro. É muito curioso porque você fica olhando para todos os lados para não perder nenhum detalhe durante a caminhada.
Na água e em meio as dunas um pouco de história registrada nas barricadas deixadas pela segunda guerra mundial. Algumas já foram tomadas pela água, outras ainda é possível entrar e visitar.
Eu e o Dani saimos para correr no primeiro dia. Próximo ao nosso hotel haviam duas trilhas, uma beirando a praia e uma percorrendo a cidade. Fizemos uma na ida e outra na volta. Acho que eu nunca tive uma experiência tão maravilhosa. As praias e cidades vazias, a brisa do mar me lembrava o cheiro da minha cidade do Brasil mas com o vento frio. Foi sem dúvida uma experiência inesquecível !
Hirtshals Fyr
É um farol que está na cidade de Hirtshals. Do alto do farol é possível ter uma ampla visão da cidade, do porto e dos campos verdes da região. Olhando logo abaixo há várias barricadas que foram usadas também durante os períodos de guerra. Elas ficam quase que escondidas como uns buracos na grama e algumas vezes é até difícil de achá-las
A cidade de Hirtshals é bem pequena e sem muitos pontos de interesse. É uma região conhecida pela pesca, por isso vale muito a pena sentar em um dos restaurantes locais pra comer peixe fresquinho.
Den tilsandede kirke
Uma parada rápida. No meio da floresta, está Den Tilsandede Kirke. Uma igreja do século 13 que teve parte da sua estrutura tomada por areia. Hoje em dia há apenas a torre principal da igreja.
No começo eu não achei um lugar interessante, mas depois de ver a história e a foto da igreja original, é meio impressionante imaginar que a areia cobriu toda aquela estrutura.
Pra quem tiver tempo de dar uma passada é legal, tanto porque não é um passeio que vai roubar tempo do roteiro. 20 min é o suficente e está apenas 4 km do centro de Skagen
Skagen
É a cidade mais ao norte de toda a Dinamarca e famosa não só pelo turismo nas temporadas de verão, mas também por ter sido inspiração para muitos pintores, artistas e poetas, que admiravam a luz natural da região.
Quando em Skagen, uma das paradas obrigatórias é Grenen, uma faixa de areia que se extende no extremo norte da península e que divide os mares de Skagerrak og Kattegat. Quando a gente anda bem até a ponta é possível ver nitidamente as ondas vindas dos dois lados e por isso é extremamente perigoso entrar no mar. Devido ao depósito de area pela natureza ao passar dos anos, essa faixa de praia tem crescido em média 2,5m por ano e nos últimos 100 anos já aumentou sua extensão em 1km.
Além do encontro dos mares, Grenen também é uma praia onde formaram-se um lagos entre as dunas que contribuem para realçar a natureza e vida animal na região junto com a vegetação.
Na saída da praia há também uma velha barricada alemã que hoje em dia é um museu e também o túmulo de um poeta e pintor dinamarquês chamado Holger Drachmann, que se inspirou durante muitos anos nas paisagens locais.
Parte da ida à Skagen é dedicada também a conhecer o centro da cidade que parece mais uma cidade cenográfica de tão charmosa e arrumadinha que é. Pra começar, a ida ao museu de Skagen, onde você aprende sobre a história da cidade por meio de pintura e arte.
Eu acho que vale muito a pena esse passeio. As salas são claras e amplas, dando maior foco para os quadros que são ricos em detalhes. Muitos deles são quadros famosos, pintados com a perspectiva da luz de Skagen. E é um passeio bom até para os dias de chuva. Pra quem quiser começar o tour pelo museu no horário de abertura, terá o museu bem vazio para curtir com calma! 🙂
O que me chamou muito atenção no centro foram as casas todas amarelas com telhado cor terra. Tudo muito limpo, algumas casas de teto baixo, todos os jardins muito bem cuidados!
Para almoçar, paramos em um restaurante chamado Jakob’s que também foi uma ótima escolha. Comemos comida dinamarquesa, mas o cardápio era bem variado. Foi o melhor Parisbøf que já comi em toda Dinamarca. E de sobremesa Gløgg com æbleskiver.
Outros lugares para conhecer em Skagen :
- Casa de fabricação de cerveja
- Lojinha de Bolcher
- Sorveterias
- Lojas de vinho
- Igreja
Rubjerg Knud
A atração mais imperdível de todo o norte! Rubjerg Knud é um farol que foi construído 1899 junto com mais 70 outros faróis na costa da Dinamarca. Sua luz podia ser vista a mais de 42 km de distância. Mas com o passar dos anos uma grande quantidade de areia foi se depositando entre o oceano e o farol.
No começo as dunas eram pequenas e podiam ser removidas, mas a quantidade foi aumentando e as plantas que eram plantadas para ajudar na barragem de areia só ajudaram para que as dunas ficassem ainda maior. Depois de alguns anos já não era mais possível manter o farol funcionando e por isso foi desativado em 1968.
Para manter a história na região, foi construído um museu próximo ao farol, mas esse também não resistiu a força da areia e foi desativado em 2002.
O mais interessante é que Rubjerg Knude não irá existir mais daqui poucos anos. Há estimativa é que ele ceda ao oceano antes de 2020. Por isso pra quem tiver a oportunidade, vá conhecer!
No caminho até o farol, você segue uns 800m a pé e de longe já da pra ver a magnificência das dunas. Parece que você está no meio do deserto. Eu mesma nunca imaginei um lugar como esse na Dinamarca.
Essa foi minha viagem rápida de três dias passeando pelo norte da Jutlândia. Um lugar lindo e totalmente diferente do resto do país.
Você já viajou para algum desses lugares? O que mais gostou?
Deixe seu comentário 🙂
Beijo,
Ju.
Bela apresentacao!!! Parabens
Oi Maria, muito obrigada! Fico muito feliz que gostou 🙂
Gostei muito! Senti frio só de ver esses casacos e os cabelos ao vento kkkk
Suas fotos são ótimas! Bjs
Eu fui em uma época fria (novembro). Mas o verão nessa parte da Dinamarca é sensacional!!! 🙂
Obrigada.
Um beijão
Juliana
Oi Ju, parabéns pela matéria.
Eu voltei recentemente daí. Fiz intercâmbio pelo AFS e fiquei 3 meses.
Morei em Højer e depois em Vrå. Tenho as melhores recordações. A Dinamarca sempre estará No meu coração porque fez de mim uma mulher mais forte. Pude ultrapassar meus limites e vencer meus medos. Copenhague é mesmoo linda, organizada e segura. Me impressionou a quantidade de bicicletas. Adoraria voltar, na verdade adoraria morar aí. Me peguei com saudades e encontrei seu blog…^^
Oi Gabriela,
Que legal ler seu comentário! Fico feliz que tenha gostado da matéria e de saber que você já morou na Dinamarca.
Como você, também me tornei uma mulher muito mais forte depois que vim morar aqui.
Eu não conheci a cidade de Højer, mas acabei de ver no mapa! Fica pertinho de Fanø, você chegou a ir?? Sou apaixonada pela natureza de Jylland.
Copenhague é demais! Se voltar um dia, entre em contato. 🙂
Um beijão e obrigada por deixar seu comentário.
Ju
Então Ju…
Fui a uma ilha no sul, bem perto de Højer, mas não conheci Fanø. No sul de Jutland eu conheci Højer, Tinglev e Tønder. E também MøngelTønder ( muito linda essa parte, tem um castelo da família real lá). Passiei um pouco pelo fronteira com a Alemanha e pude conhecer algumas cidadezinhas por lá. Tem bons (e baratos) vinhos na fronteira. Pelas estradas é possível ver casas antigas com a data de construção e algumas igrejas. Percebi que essa parte da Dinamarca é mais histórica. Já Vrå fica pertinho de Hjørring e também de Aalborg.
O aprendizado aí foi enorme.
Sempre achei que nós bradileiros éramos calourosos, mas vejo que isso não é verdade. Calor humano é ser minimalista nas relações afetivas próximas (amigo aí é amigo, não ocorre uma vulgarização do termo e uma consequente superficialidade das relações) e realmente se importar com outro que é seu irmão de país. Jamais vou esquecer esse pedacinho do mundo. Desejo dias feliz, com hygges e muito pão preto ( rsrsrs). Espero um dia voltar….
Vi ses
Ótima apresentação!
Obrigada!! 🙂
Vou passar 1 ano e meio na Dinamarca fazendo um estagio na minha área (medicina veterinaria com foco em suinos) e vou ficar numa fazenda no norte da Jutlandia! Estou amando seus artigos! Voce teria mais alguma dica para quem vai passar um tempo a mais la? 😀
Oi Mariela, que interessante sobre o seu estágio! Obrigada pela mensagem 🙂
Em que época do ano você viaja? Em que cidade irá ficar? durante os meses de inverno, pode ser uma experiência desafiadora. O clima, a distância e as poucas atividades sociais. Porém durante o verão será uma alegria. A natureza no norte da Dinamarca é simplesmente incrível. As pessoas na Jutlândia são também muito amigáveis e o ritmo de vida é muito mais tranquilo.
Faça uma ótima viagem e aproveite muito essa experiência!
Abraço,
Ju.